terça-feira, 19 de dezembro de 2017

TRABALHANDO A ORALIDADE ATRAVÉS DA LITERATURA INFANTIL



            Patrícia Batista dos Santos [1]
Anna Flávia Brito Pales [2]
Jorsinai Argolo[3]
INTRODUÇÃO

A educação infantil tem a função de “promover experiências significativas de aprendizagem da língua, por meio de um trabalho com a linguagem oral” [...] e também [...] “constitui em um dos espaços de ampliação das capacidades de comunicação e expressão e de acesso ao mundo letrado pelas crianças.” Brasil (1998, p.117).
Comprova-se, portanto, a importância de trabalhar a oralidade com as crianças, com intuito de ampliar seus conhecimentos e facilitar seu aprendizado, pois sabemos que é na interação e comunicação entre os alunos que estes desenvolvem seus conhecimentos. Para Augusto (2011, p. 52) “a linguagem oral está presente no cotidiano das instituições de educação infantil, mas nem sempre é tratada como algo a ser intencionalmente trabalhado com as crianças.” e por pensarem que a fala é desenvolvida naturalmente, alguns professores não dão a devida atenção a esse elemento fundamental.
Acreditamos que “a criança expressandose oralmente, amplia seus horizontes de comunicação, exercita o pensar, socializase, organiza a sua mente, interpreta o mundo, expõe ideias, debate opiniões, expressa sentimentos e emoções [...]” Chaer (2012, p.73). Além disso, “a leitura de histórias é um momento em que a criança pode conhecer a forma de viver, pensar, agir e o universo de valores, costumes e comportamentos de outras culturas situadas em outros tempos e lugares que não o seu” Brasil (1998, p. 144).
Nessa direção, o Referencial Curricular Nacional diz que o diálogo, ou seja, a oralidade serve também para ampliar a capacidades das crianças na aprendizagem:
[...] a roda de conversa é o momento privilegiado de diálogo e intercâmbio de ideias. Por meio desse exercício cotidiano as crianças podem ampliar suas capacidades comunicativas, como a fluência para falar, perguntar, expor suas ideias, dúvidas e descobertas, ampliar seu vocabulário e aprender a valorizar o grupo como instância de troca e aprendizagem. (BRASIL, 1998, p. 138).

Sendo assim, evidenciamos a importância de desenvolver a linguagem oral das crianças; trabalhar a interação entre crianças e professor; ampliar o vocabulário através da literatura e estimular a criança a expressar-se sobre os textos lidos.

METODOLOGIA

Esta pesquisa foi realizada em uma escola de educação infantil no município de Itapetinga-Ba, numa turma de pré II no turno vespertino, numa sala com 24 crianças com idade de 5 anos. Durante as observações notamos que as aulas eram ministradas mecanicamente e as crianças sentadinhas faziam as atividades direcionadas e sempre recebiam ordens de permanecerem quietas. Não vimos em nenhum período das aulas um momento de interação das crianças com as crianças ou professora e não houve um momento de acolhimento antes das tarefas tais como: músicas, brincadeiras ou uma roda de conversa.
Nessa direção, foi identificada a necessidade de trabalhar com mais ênfase a oralidade das crianças. Sendo assim, as intervenções foram desenvolvidas através de sequência didáticas com o objetivo de trabalhar a linguagem oral através da Literatura Infantil.
 Na primeira intervenção realizada, trabalhamos com a contação da história das Três Árvores, utilizando um avental e imagens ilustrando o texto. Em seguida, estimulamos as crianças para uma reflexão do texto pedindo que elas relatassem a história e falassem o que queria ser quando crescer. Nesse mesmo momento, fizemos uma roda de conversa, cantamos algumas músicas e para finalizar as crianças confeccionaram cartazes com desenhos da história.
Na segunda intervenção, foi feita a leitura da história de João e Maria versão de Ruth Rocha. Em seguida, foi proposta uma caçada a casa de doces pelo pátio da escola e a confecção do livro com as imagens da história para que as crianças pudessem fazer o reconto através das ilustrações.
Na terceira, trabalhamos com leitura da história “Será mesmo que é Bicho?” de Ângelo Machado, no qual explanava sobre o corpo humano.  Com isso, confeccionamos um quebra-cabeça e desenvolvemos a atividade em grupo assim as crianças iam se socializando uma com as outras.
Na intervenção seguinte, o momento literário foi com a história “O menino Nito” de Sônia Rosa, onde fizemos a brincadeira: O que é o que?  utilizando o livro: Adivinhe se puder de Eva Furnari. Depois, realizamos a brincadeira do telefone sem fio, utilizando frases da história “O menino Nito” e também solicitando às crianças que criassem outras frases, eles inventaram: “Lucas caiu e chorou! Chorar é bom! Nito é chorão,” dentre outras.
Na sexta intervenção, contamos a história “O cabelo de Lelê” de Valéria Belém, utilizando um gráfico com imagens onde as crianças identificavam os cabelos que melhor os representavam. Em seguida, fizeram o desenho do seu auto-retrato, relatando para os colegas como se veem.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A linguagem oral é tão importante quanta atividade escritas para o desenvolvimento da aprendizagem da criança. Na verdade a linguagem oral é um dos fatores determinante para a construção da escrita, pois é ela que vai fazer a associação na hora da escrita como deixa claro o RCNEI (1998) quando afirma que “[...] o processo de letramento está associado tanto à construção do discurso oral como do discurso escrito”, essa deve sempre ser estimulada tanto em casa com os pais como na escola, é esse estímulo que vai dá a criança segurança, habilidade e desempenho na hora de desenvolver qualquer atividade no seu cotidiano.
É a linguagem oral que insere a criança no meio social, sua fala deve sempre ser ouvida e estimulada por quem o cerca. Durante todos os trabalhos realizados na sala de aula do pré II, estimulamos de todas as formas a comunicação e interação entre as crianças e até mesmo conosco. Depois das leituras ou contação das histórias, fazíamos sempre a roda de conversa, perguntando e fazendo com que eles recontassem as histórias. Indagávamos a estabelecer a relação que a história tinha com a vida deles, se já tinham vivido o que contava a história, fazendo com que eles pensassem. Acerca disso, o RCNEI sinaliza:
[...] quanto mais às crianças puderem falar em situações diferentes, como contar o que lhes aconteceu em casa, contar histórias, dar um recado, explicar um jogo ou pedir uma informação, mais poderão desenvolver suas capacidades comunicativas de maneira significativa (BRASIL, 1998, p.121).
Com isso, percebemos que as crianças estavam mais atentas às leituras e bem mais comunicativas. Nas primeiras aulas, elas quase não se posicionavam, nem interagiam. Após as intervenções, as crianças foram se desenvolvendo também em outras atividades na sala de aula. 
Buscamos fazer atividades diferentes e criar situações nas quais estimulassem a expressão das crianças. Na contação da história das Três Árvores, perguntamos o que eles queriam ser quando crescer? Os alunos ficaram pensando e um deles falou: “quero ser policial, tia!” A partir daí os outros tomaram coragem e começaram a falar: “eu quero ser bailarina” Outros disseram: “bombeiro”, “médico”, “veterinário”, “sereia”, “cantora”, “professora”, e tantos outros profissionais que eles sonhavam ser. Esse momento foi tão interessante que as crianças não paravam de falar e comentar sobre o que cada um queria ser e pareciam muito felizes com esse estimulo.
A segunda atividade foi também bastante interessante. Depois da leitura da história de João e Maria, durante a socialização eles recontaram a história falando o que gostaram e que não gostaram. Perguntamos por que os pais de Maria e João queriam abandoná-los? E eles responderam: “era porque eles eram pobres e não tinha comida para dá para os filhos”.
Nas atividades de intervenção procurávamos sempre ir por esse viés, trazer para as crianças algo novo que entusiasmasse a participar das atividades, uma roda de conversa, o reconto da história narrado por eles, dramatização, brincadeiras e jogos. Promovendo sempre uma discussão do que foi exposto. 
Ao fim dos trabalhos de intervenções, percebemos a importância de trabalhar a oralidade através da Literatura como auxilio para o desenvolvimento do aprendizado da criança na educação infantil e como a torna mais apto a outras habilidades.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A linguagem oral possibilita a criança participar das diversas práticas sociais. Sendo assim, é de suma importância trabalhar a oralidade desde a educação infantil. Portanto, compreendemos que o professor apresenta grande importância nesse processo, pois é nas instituições escolares que as crianças passam a maior parte de seu tempo, é nela que ela constrói laços e, por isso, o professor pode criar meio e possibilidades de desenvolver nos alunos muitas habilidades.
Nessa direção, o professor deve buscar situações nas quais a criança desenvolva sua oralidade, promovendo atividades, como a roda de conversas, dramatização, músicas, trava-língua, ler e pedir aos alunos que recontem a história entre outros. Esse tipo de atividades proporciona a criança momentos de interação fazendo com que ela se torne mais comunicativa.

REFERÊNCIAS

AUGUSTO, Silvana de Oliveira. A linguagem oral e as crianças: possibilidades de trabalho na educação infantil. Educação Infantil: diferentes formas de linguagem expressivas e comunicativas. Caderno de formação: didática dos conteúdos formação de professores. Universidade Estadual Paulista. Pró-Reitoria de Graduação. UNIVESP, São Paulo: Cultura Acadêmica, 2011, v. 1, p. 52-64.
BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental. Referencial curricular nacional para a educação infantil — Brasília: MEC/SEF, 1998. V3.
CHAER, Mirella Ribeiro; GUIMARÃES, Edite da Glória Amorim. A importância da oralidade: educação infantil e séries iniciais do Ensino Fundamental. Pergaminho, (3): p. 71- 88, nov. 2012.




[1] Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, Bolsista de iniciação a docência.
email: pattybatistinha@hotmail.com
[2] Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, Bolsista de iniciação a docência,
email:  flaviapalles21@hotmail.com
[3] Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia ,Coordenadora da Linha de ação de Educação infantil. email: naiargolo123@gmail.com





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