Patrícia
Batista dos Santos [1]
Anna Flávia Brito Pales [2]
Jorsinai Argolo[3]
INTRODUÇÃO
A educação
infantil tem a função de “promover experiências significativas de aprendizagem
da língua, por meio de um trabalho com a linguagem oral” [...] e também [...]
“constitui em um dos espaços de ampliação das capacidades de comunicação e
expressão e de acesso ao mundo letrado pelas crianças.” Brasil (1998, p.117).
Comprova-se, portanto, a
importância de trabalhar a oralidade com as crianças, com intuito de ampliar
seus conhecimentos e facilitar seu aprendizado, pois sabemos que é na interação
e comunicação entre os alunos que estes desenvolvem seus conhecimentos. Para
Augusto (2011, p. 52) “a linguagem oral está presente no cotidiano das
instituições de educação infantil, mas nem sempre é tratada como algo a ser
intencionalmente trabalhado com as crianças.” e por pensarem que a fala é
desenvolvida naturalmente, alguns professores não dão a devida atenção a esse
elemento fundamental.
Acreditamos que “a
criança expressando‐se
oralmente, amplia seus horizontes de comunicação, exercita o pensar, socializa‐se, organiza a sua mente,
interpreta o mundo, expõe ideias, debate opiniões, expressa sentimentos e
emoções [...]” Chaer (2012, p.73). Além disso, “a leitura
de histórias é um momento em que a criança pode conhecer a forma de viver,
pensar, agir e o universo de valores, costumes e comportamentos de outras
culturas situadas em outros tempos e lugares que não o seu” Brasil (1998, p.
144).
Nessa direção, o Referencial
Curricular Nacional diz que o diálogo, ou seja, a oralidade serve também para ampliar
a capacidades das crianças na aprendizagem:
[...] a roda de conversa é o
momento privilegiado de diálogo e intercâmbio de ideias. Por meio desse
exercício cotidiano as crianças podem ampliar suas capacidades comunicativas,
como a fluência para falar, perguntar, expor suas ideias, dúvidas e
descobertas, ampliar seu vocabulário e aprender a valorizar o grupo como
instância de troca e aprendizagem. (BRASIL, 1998, p. 138).
Sendo assim,
evidenciamos a importância de desenvolver a linguagem oral das crianças;
trabalhar a interação entre crianças e professor; ampliar o vocabulário através
da literatura e estimular a criança a expressar-se sobre os textos lidos.
METODOLOGIA
Esta pesquisa foi realizada
em uma escola de educação infantil no município de Itapetinga-Ba, numa turma de
pré II no turno vespertino, numa sala com 24 crianças com idade de 5 anos.
Durante as observações notamos que as aulas eram ministradas mecanicamente e as
crianças sentadinhas faziam as atividades direcionadas e sempre recebiam ordens
de permanecerem quietas. Não vimos em nenhum período das aulas um momento de
interação das crianças com as crianças ou professora e não houve um momento de
acolhimento antes das tarefas tais como: músicas, brincadeiras ou uma roda de
conversa.
Nessa direção, foi
identificada a necessidade de trabalhar com mais ênfase a oralidade das
crianças. Sendo assim, as intervenções foram desenvolvidas através de sequência
didáticas com o objetivo de trabalhar a linguagem oral através da Literatura
Infantil.
Na primeira intervenção realizada, trabalhamos
com a contação da história das Três Árvores, utilizando um avental e imagens
ilustrando o texto. Em seguida, estimulamos as crianças para uma reflexão do
texto pedindo que elas relatassem a história e falassem o que queria ser quando
crescer. Nesse mesmo momento, fizemos uma roda de conversa, cantamos algumas
músicas e para finalizar as crianças confeccionaram cartazes com desenhos da
história.
Na segunda
intervenção, foi feita a leitura da história de João e Maria versão de Ruth
Rocha. Em seguida, foi proposta uma caçada a casa de doces pelo pátio da escola
e a confecção do livro com as imagens da história para que as crianças pudessem
fazer o reconto através das ilustrações.
Na
terceira, trabalhamos com leitura da história “Será mesmo que é Bicho?” de
Ângelo Machado, no qual explanava sobre o corpo humano. Com isso, confeccionamos um quebra-cabeça e
desenvolvemos a atividade em grupo assim as crianças iam se socializando uma
com as outras.
Na intervenção
seguinte, o momento literário foi com a história “O menino Nito” de Sônia Rosa,
onde fizemos a brincadeira: O que é o que? utilizando o livro: Adivinhe se puder de Eva
Furnari. Depois, realizamos a brincadeira do telefone sem fio, utilizando
frases da história “O menino Nito” e também solicitando às crianças que
criassem outras frases, eles inventaram: “Lucas
caiu e chorou! Chorar é bom! Nito é chorão,” dentre outras.
Na sexta intervenção,
contamos a história “O cabelo de Lelê” de Valéria Belém, utilizando um gráfico
com imagens onde as crianças identificavam os cabelos que melhor os representavam.
Em seguida, fizeram o desenho do seu auto-retrato, relatando para os colegas
como se veem.
RESULTADOS
E DISCUSSÃO
A linguagem oral é tão
importante quanta atividade escritas para o desenvolvimento da aprendizagem da
criança. Na verdade a linguagem oral é um dos fatores determinante para a
construção da escrita, pois é ela que vai fazer a associação na hora da escrita
como deixa claro o RCNEI (1998) quando afirma que “[...] o processo de letramento está associado tanto à construção
do discurso oral como do discurso escrito”, essa deve sempre ser estimulada
tanto em casa com os pais como na escola, é esse estímulo que vai dá a criança
segurança, habilidade e desempenho na hora de desenvolver qualquer atividade no
seu cotidiano.
É a linguagem oral que
insere a criança no meio social, sua fala deve sempre ser ouvida e estimulada
por quem o cerca. Durante todos os trabalhos realizados na sala de aula do pré
II, estimulamos de todas as formas a comunicação e interação entre as crianças
e até mesmo conosco. Depois das leituras ou contação das histórias, fazíamos
sempre a roda de conversa, perguntando e fazendo com que eles recontassem as
histórias. Indagávamos a estabelecer a relação que a história tinha com a vida
deles, se já tinham vivido o que contava a história, fazendo com que eles
pensassem. Acerca disso, o RCNEI sinaliza:
[...] quanto mais
às crianças puderem falar em situações diferentes, como contar o que lhes
aconteceu em casa, contar histórias, dar um recado, explicar um jogo ou pedir
uma informação, mais poderão desenvolver suas capacidades comunicativas de
maneira significativa (BRASIL, 1998, p.121).
Com isso, percebemos
que as crianças estavam mais atentas às leituras e bem mais comunicativas. Nas
primeiras aulas, elas quase não se posicionavam, nem interagiam. Após as
intervenções, as crianças foram se desenvolvendo também em outras atividades na
sala de aula.
Buscamos fazer
atividades diferentes e criar situações nas quais estimulassem a expressão das
crianças. Na contação da história das Três Árvores, perguntamos o que eles
queriam ser quando crescer? Os alunos ficaram pensando e um deles falou: “quero ser policial, tia!” A partir daí
os outros tomaram coragem e começaram a falar: “eu quero ser bailarina” Outros disseram: “bombeiro”, “médico”, “veterinário”, “sereia”, “cantora”, “professora”,
e tantos outros profissionais que eles sonhavam ser. Esse momento foi tão
interessante que as crianças não paravam de falar e comentar sobre o que cada
um queria ser e pareciam muito felizes com esse estimulo.
A segunda atividade foi
também bastante interessante. Depois da leitura da história de João e Maria,
durante a socialização eles recontaram a história falando o que gostaram e que
não gostaram. Perguntamos por que os pais de Maria e João queriam abandoná-los?
E eles responderam: “era porque eles eram
pobres e não tinha comida para dá para os filhos”.
Nas atividades de
intervenção procurávamos sempre ir por esse viés, trazer para as crianças algo
novo que entusiasmasse a participar das atividades, uma roda de conversa, o
reconto da história narrado por eles, dramatização, brincadeiras e jogos.
Promovendo sempre uma discussão do que foi exposto.
Ao fim dos trabalhos de
intervenções, percebemos a importância de trabalhar a oralidade através da
Literatura como auxilio para o desenvolvimento do aprendizado da criança na
educação infantil e como a torna mais apto a outras habilidades.
CONSIDERAÇÕES
FINAIS
A linguagem oral
possibilita a criança participar das diversas práticas sociais. Sendo assim, é
de suma importância trabalhar a oralidade desde a educação infantil. Portanto,
compreendemos que o professor apresenta grande importância nesse processo, pois
é nas instituições escolares que as crianças passam a maior parte de seu tempo,
é nela que ela constrói laços e, por isso, o professor pode criar meio e
possibilidades de desenvolver nos alunos muitas habilidades.
Nessa direção, o
professor deve buscar situações nas quais a criança desenvolva sua oralidade,
promovendo atividades, como a roda de conversas, dramatização, músicas,
trava-língua, ler e pedir aos alunos que recontem a história entre outros. Esse
tipo de atividades proporciona a criança momentos de interação fazendo com que
ela se torne mais comunicativa.
REFERÊNCIAS
AUGUSTO,
Silvana de Oliveira. A linguagem oral e
as crianças: possibilidades de trabalho na educação infantil. Educação
Infantil: diferentes formas de linguagem expressivas e comunicativas. Caderno
de formação: didática dos conteúdos formação de professores. Universidade
Estadual Paulista. Pró-Reitoria de Graduação. UNIVESP, São Paulo: Cultura
Acadêmica, 2011, v. 1, p. 52-64.
BRASIL. Ministério da
Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental. Referencial
curricular nacional para a educação infantil — Brasília: MEC/SEF, 1998. V3.
CHAER, Mirella Ribeiro;
GUIMARÃES, Edite da Glória Amorim. A importância da oralidade: educação
infantil e séries iniciais do Ensino Fundamental. Pergaminho, (3): p. 71-
88, nov. 2012.
[1] Universidade Estadual do Sudoeste da
Bahia, Bolsista de iniciação a docência.
email: pattybatistinha@hotmail.com
[2] Universidade Estadual do Sudoeste da
Bahia, Bolsista de iniciação a docência,
email: flaviapalles21@hotmail.com
[3] Universidade Estadual do Sudoeste da
Bahia ,Coordenadora da Linha de ação de Educação infantil. email: naiargolo123@gmail.com
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