terça-feira, 19 de dezembro de 2017

LITERATURA INFANTIL ATRAVÉS DA CONTAÇÃO DE HISTÓRIA



LITERATURA INFANTIL ATRAVÉS DA CONTAÇÃO DE HISTÓRIA

            Êmille da Silva Cabral ¹
Jorsinai de Argôlo Souza²

INTRODUÇÃO

A Educação Infantil é uma fase ideal para a formação do interesse das crianças pela leitura. Segundo Abramovich (2009, p. 14) "é importante para a formação de qualquer criança ouvir muitas histórias [...] Escutá-las é o início da aprendizagem para ser leitor, e ser leitor é ter um caminho absolutamente infinito de descoberta e de compreensão do mundo". Diante dessa realidade uma das formas de despertar nas crianças o gosto pela leitura, é através da prática da contação de histórias, pois além de estimular o interesse pela literatura infantil, contribui para o processo de ensino-aprendizagem na Educação Infantil. Nessa direção, Aroeira (1996, p. 141) afirma “Contar histórias é uma experiência de grande significado para quem conta e para quem ouve”.
Segundo o Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil (RCNEI, 1991, v.3, p.140) “A narrativa pode e deve ser porta de entrada da criança para os mundos criados pela literatura”, pois o momento de contação de histórias é uma atividade de estimulo á imaginação e criatividade.  Pode-se envolver também, canções no momento em que a história está sendo contada, estimulando a oralidade das crianças.  Sendo assim, a literatura infantil nos leva para um mundo imaginário, no qual as crianças se alegram, se divertem, despertam para curiosidades e se concentram para o momento das historinhas.
A fantasia faz parte do mundo imaginário, sendo a infância uma fase diretamente ligada á esse mundo de fantasia. Corso sinaliza que “a paixão pela fantasia começa muito cedo, não existe infância sem ela, e a fantasia se alimenta da ficção, portanto não existe infância sem ficção” (CORSO 2006, p. 17).  Portanto, quando o professor aproxima seus alunos da leitura e da contação de histórias ele explora esse imaginário, pois segundo Vygostky:
A importância do trabalho criador (imaginativo) se verifica no desenvolvimento da criatividade infantil, na evolução e no amadurecimento da criança, pois no plano imaginário podem ser observados os desenvolvimentos cognitivos, pelo raciocínio estimulado, assim como a memória... (VYGOTSKY, 1996, p. 18)


Sendo assim, o presente trabalho tem como objetivo apresentar relatos de experiência com a literatura infantil através da contação de histórias.

METODOLOGIA

Desenvolvemos nossas atividades no Centro de Educação Infantil Professora Luiza Ferraz, localizada num bairro periférico do município de Itapetinga, interior da Bahia, que atende alunos de idade escolar entre 04 e 06 anos. As observações participantes foram realizadas na turma do pré I e verificamos que havia uma carência na prática docente relacionada ao trabalho com a literatura infantil, em especial na contação de histórias. 
            Durante todas as intervenções exploramos o cantinho da leitura, existente na sala de aula com a leitura deleite. Em uma das intervenções a leitura deleite foi de um livro chamado “O grande rabanete” de Tatiana Belinky.  Após a leitura, ainda no cantinho da leitura, sempre há espaço para diálogo com as crianças sobre o livro e suas vivências, então logo montamos uma roda de leitura no chão, explorando o espaço da sala.
Em outra intervenção, confeccionamos um avental, com velcro, para contação da história “Maria vai com as outras” de Sylvia Orthoff, que relata a história da ovelha Maria que era maria-vai-com-as-outras, até o dia que descobriu que cada um pode ter o seu próprio caminho. Á medida que a história estava sendo contada, os personagens eram fixados no avental. Em seguida, conversamos sobre o livro e depois, as crianças, juntamente com nosso auxilio, confeccionaram uma maquete representando o local por onde as ovelhas passaram na história usando tinta para pintar o isopor. Foi criado o pasto das ovelhas, também montaram as ovelhinhas com colagem de algodão para colocar no pasto feito com a maquete.
Outra intervenção bastante significativa foi a contação de uma história que criamos sobre os animais. Durante a cotação, as crianças reproduziam os sons e os gestos dos bichos conosco. Além disso, também apresentamos a primeira letra do nome dos animais associando as letras inicias do nome de cada aluno e, em seguida, reproduzimos, no espaço da sala de aula, o habitat dos animais, com flores e folhas, em um circuito com obstáculos para que as crianças caminhassem.
Também trabalhamos com outras histórias, clássicos como Três porquinhos e Chapeuzinho vermelho, a contação foi através de dramatização. E outros como Cachinhos dourados e os Três ursinhos, Menina bonita do laço de fita, que a contação foi realizada com fantoches, entre outros.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Nas primeiras observações detectamos que as crianças tinham uma curiosidade e vontade de ter mais contato com os livros e ouvir histórias, pois solicitavam sempre. Porém, nos momentos em que estávamos em sala de aula, observando, esses momentos não aconteciam. Desse modo, proporcionar intervenções voltadas para a contação de história foi significativo para essa turma. Conforme o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (BRASIL, 1998, p. 143, v.3):  
A intenção de fazer com que as crianças, desde cedo, apreciem o momento de sentar para ouvir histórias exige que o professor, como leitor, preocupe-se em lê-la com interesse, criando um ambiente agradável e convidativo á escuta atenta, mobilizando a expectativa das crianças [...].

Percebemos que a cada intervenção as crianças estavam mais concentradas e interessadas em ouvir as histórias e também mais envolvidas no momento das atividades propostas. Também aprenderam a interagir melhor, pois sempre levamos atividades para serem executadas em grupo para ajudar nessa parte de socialização entre as crianças e no seu desenvolvimento integral. Nesse sentindo, Rossini afirma que:
As histórias favorecem o desenvolvimento da linguagem, do pensar em suas fases evolutivas: imagem, imaginação criadora, observação, dedução e julgamento. Dizem que os olhos são os espelhos da alma e a fala é o espelho da personalidade. (ROSSINI, 2001, p.56).

Em todas as intervenções exploramos a leitura de livros com a “leitura deleite”, momento importante de diálogo e socialização das crianças no cantinho da leitura existente na sala de aula.  Esse espaço foi organizado pela escola para esses momentos de contato da criança com os livros, porém estava sendo pouco utilizado.  Exploramos também a contação de histórias na qual o enredo e os personagens ganham vida através da criatividade do narrador e seus instrumentos e, dessa forma, incentiva não somente a imaginação, mas o gosto e o hábito da leitura, aguçando também a curiosidade da criança, pois contação de histórias está ligada ao imaginário infantil.
Foi importante também estimular a autonomia das crianças, irem ao cantinho da leitura pegar o livro de sua preferência para ler. Após o término, poderia repassar o livro para os colegas. Sendo assim, além da leitura e o gosto por livros, exercitam também a interação e socialização.
Durante as intervenções também estimulamos o movimento corporal das crianças, auxiliando no desenvolvimento da coordenação motora. Foram momentos de aprendizagem e diversão, afinal criança também aprende brincando. “Na brincadeira, a criança cria outros mundos e se comporta além do habitual e cotidiano. A criança vivencia-se no brinquedo como se ela fosse maior do que é na realidade”. (L.S. Vygostky, 1991, p.117).
Enfim, avaliamos que as crianças foram contagiadas pela leitura, pois elas já nos recebiam com expectativa, pedindo para contarmos mais historinhas. Entendemos as grandes contribuições que a literatura proporcionou para as crianças, pois:  
O ouvir histórias pode estimular o desenhar, o musicar, o sair, o ficar, o pensar, o teatral, o imaginar, o brincar, o ver o livro, o escrever, o querer ouvir de novo (a mesma história ou outra). Afinal, tudo pode nascer dum texto! (ABRAMOVICH, 1991, p. 23).


CONCLUSÕES OU CONSIDERAÇÕES FINAIS

Concluímos que a presença da literatura infantil é fundamental e indispensável na educação infantil. A criança pode e deve ter contato contínuo com os livros na escola e ser livre para criar suas fantasias e usar seu imaginário ouvindo e vivenciando a contação de história.  
A escola deve dá atenção especial a contação de histórias, como uma rotina inserida nas aulas, pois a mesma contribui na aprendizagem das crianças, conforme afirma Dohme (2011, p.18) “com as histórias, pode-se trabalhar aspectos internos e educacionais de uma criança.”
 
REFERÊNCIAS

ABRAMOVICH, Fanny. Literatura infantil: gostosuras e bobices. São Paulo: Scipione, 2009
AROEIRA, M.; SOARES, M.; MENDES, R. Didática de pré-escola: vida e criança: brincar e aprender. São Paulo: FTD, 1996, p. 167.
 CORSO, Diana L. & Mario. Fadas no divã. A psicanálise nas histórias infantis. Porto Alegre: Artmed, 2006.
DOHME, Vania D’Angelo. Técnicas de contar histórias: um guia para desenvolver as suas habilidades e obter sucesso na apresentação de uma história. Petrópolis, RJ: Editora: Vozes, 2011
MIGUEZ, Fátima. Nas arte-manhas do imaginário infantil. 14. ed. Rio de Janeiro: Zeus, 2000.
Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil - Brasília MEC/SEF, 1998. 3V. Disponível em:< http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/volume3.pdf . Acessado em: 19 de Julho de 2017.
ROSSINI, Maria Augusta Sanches. Pedagogia afetiva. Petrópolis, RJ: Editora Vozes, 2002.
VYGOTKY, L.S “A formação social da mente”, Editora Martins Fontes, 1991.
VIGOTSKY, L S. La imaginación y el arte em la infância. (Ensayo psicológico). 3. ed. Madrid, Espanha: Akal., 1996.





¹Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia-UESB. Bolsista de Iniciação à docência. Email:emillecabral87@gmail.com
²Coordenadora do PIBID- Linha de Ação Educação Infantil. Email: naiargolo@hotmail.com










Nenhum comentário:

Postar um comentário