Denise
Carvalho dos Santos[1]
Narajane de Jesus Sousa Barreto[2]
Jorsinai de Argolo Souza[3]
INTRODUÇÃO
A Educação Infantil como etapa da educação
básica, traz consigo inúmeros desafios, entre eles o currículo, composto por
diferentes campos do conhecimento. O ensino de Ciências constitui-se como uma
importante área do currículo, pois é nessa fase da vida que as crianças
constroem os primeiros conceitos e impressões de viver em sociedade, levantam suas
próprias hipóteses, sendo dessa forma uma maneira particular de significar o
mundo que as cerca.
O Referencial
Curricular para Educação Infantil-RCNEI (1998) contribuiu trazendo orientações
para o trabalho realizado nesta modalidade de ensino. Segundo Brito:
O Currículo da Educação
Infantil se diferencia em relação às outras modalidades de ensino por levar em
consideração o fato de que essa Instituição de Ensino deve ser um espaço de
cuidados educacionais com crianças nos seus primeiros anos de vida, sendo esta
etapa da vida onde a criança tem o primeiro contato com o conhecimento. (BRITO,
2014, p.72).
Considerando as
especificidades e particularidades da criança, o RCNEI oferece experiências
significativas de aprendizagem em todos os eixos e temas. Brito (2014, p.77)
ressalta a importância de considerar o contexto sociocultural da criança no
currículo da educação infantil: “Um bom currículo deve considerar a criança como um ser sócio
histórico e o professor por sua vez deve estar atento aos objetivos propostos
[...] se não alcançados, devem ser repensados e reformulados”.
Dessa forma, estudar ciências na Educação Infantil é fundamental, pois
vai contribuir na formação da identidade da criança. Por esta razão o eixo
Natureza e Sociedade
encontrado no RCNEI trabalham com temas tanto do meio natural como do
social das crianças com a intenção de prepará-las para se tornarem críticas e
participativas na sociedade.
O trabalho com os conhecimentos derivados das Ciências Humanas e
Naturais deve ser voltado para a ampliação das experiências das crianças e para
a construção de conhecimentos diversificados sobre o meio social e natural.
Nesse sentido, refere-se à pluralidade de fenômenos e acontecimentos - físicos,
biológicos, geográficos, históricos e culturais - ao conhecimento da diversidade
de formas de explicar e representar o mundo, ao contato com as explicações
científicas e à possibilidade de conhecer e construir novas formas de pensar
sobre os eventos que as cercam. É importante que as crianças tenham contato com
diferentes elementos, fenômenos e acontecimentos do mundo, sejam instigadas por
questões significativas para observá-los e explicá-los e tenham acesso a modos
variados de compreendê-los e representá-los (RCNEI, 1998, p. 166).
Arce, Silva e Varotto (2011) apontam a importância na sala de aula do
ensino de ciências desde a Educação Infantil, pois segundo elas:
As crianças, em contato com as ciências,
ampliam sua compreensão do mundo de si mesma... ao apreender, compreender,
descobrir e descobrir-se neste mundo em que vivemos por meio do ensino de
ciências, estamos a formar indivíduos que possuem um pensamento imaginativo,
disciplinado e investigativo. (ARCE, SILVA E VAROTTO 2011, p. 62).
Considerando-se a curiosidade dos
alunos ao levar as ciências para a sala de aula, Arce, Silva e Varotto (2011,
p. 09), afirma que: “A verdadeira ciência começa com a curiosidade e fascinação
das crianças que, levam à investigação e à descoberta de fenômenos naturais
[...]”.
Ao trabalhar com ciências na
Educação Infantil é necessário dinamizar as aulas, usando recursos variados,
pois para criança é muito importante à construção do conhecimento a partir do
real, além disso, é importante proporcionar
novas situações de aprendizagem considerando os conhecimentos prévios da
criança. Nesse sentido, o RCNEI aborda:
O mundo onde as
crianças vivem se constitui em um conjunto de fenômenos naturais e sociais
indissociáveis diante do qual elas se mostram curiosas e investigativas. Desde
muito pequenas, pela interação com o meio natural e social no qual vivem, as
crianças aprendem sobre o mundo, fazendo perguntas e procurando respostas às
suas indagações e questões. Como integrantes de grupos socioculturais
singulares, vivenciam experiências e interagem num contexto de conceito,
valores, ideias, objetos e representações sobre os mais diversos temas a que
têm acesso na vida cotidiana, construindo um conjunto de conhecimentos sobre o
mundo que as cerca. (BRASIL, 1998, p.163).
Considerando a escola como um espaço significativo para o processo de
construção do conhecimento da criança, o ambiente escolar pode ser considerado
adequado para se trabalhar hábitos favoráveis à saúde como os cuidados que se
deve ter com o corpo e a importância do consumo de alimentos saudáveis,
contribuindo dessa forma na qualidade de vida das crianças.
Os cuidados com o corpo e alimentação saudável devem ser
ensinados às crianças desde cedo, a fim de desenvolver sua conscientização e
promoção da saúde como também da autoestima. Com isso optamos em levar os conhecimentos de
ciências naturais de forma lúdica e envolvente, entendendo da importância dessa
temática na vida das crianças.
Sendo
assim, este trabalho refere-se
a relatos das experiências como bolsistas do Programa Institucional de Bolsas
de Iniciação à Docência (PIBID), que teve como objetivo refletir sobre o
Currículo e o ensino de Ciências na educação infantil, considerando os cuidados
com o corpo e alimentação saudável para o desenvolvimento integral das
crianças.
METODOLOGIA
As monitorias didáticas forma realizadas na escola parceira
da rede municipal, a partir de observações participantes, na turma de Pré II,
composta por 24 alunos, com idades entre 5 e 6 anos, no turno vespertino.
Após as
observações identificamos a necessidade de trabalhar Ciências Naturais e,
especificamente, com relação á temática da higiene
do corpo e alimentação saudável, entendendo que a escola representa um ambiente
favorável e privilegiado para o estímulo à formação de hábitos saudáveis.
Com foco na promoção de atividades lúdicas, nas primeiras
intervenções propulsemos trabalhar a higiene com o corpo, onde foram abordados
a higiene bucal, dos pés, mãos, cabelos e do corpo.
A intervenção de higiene bucal se
deu primeiramente com apresentação de fantoche, proporcionando diversão às
crianças. Em seguida, realizamos simulação de escovação dos dentes com todas as
crianças, interagindo com músicas, afim de que todas pudessem ter a
oportunidade de
aprender na prática e,
finalmente, o jogo da trilha, onde trabalhamos
também coordenação motora, regras, raciocínio e agilidade. Na sequência, foi
realizada uma atividade de colagem, onde foi entregue pedaços branco de e.v.a
cortados, simulando dentinhos afins de que fossem coladas na silhueta em forma
de boca, coladas em um palito de picolé.
No que diz respeito às intervenções relacionadas
à alimentação saudável, enfatizamos a importância das frutas, verduras e
legumes para uma melhor qualidade de vida. Inicialmente, sondamos com as
crianças os seus alimentos preferidos e expomos algumas frutas, verduras e
legumes na sala para que as mesmas pudessem ter contato. Em seguida, aconteceu à degustação de alguns
desses alimentos. Também foi trabalhada a massa de modelar com cores diversas,
proporcionando criatividade dos alunos, desafiados assim a criarem verduras e
legumes sobre um pratinho descartável. Em outro momento, foi realizada a
produção da salada de frutas com a turma, seguida da degustação da mesma.
Muitas brincadeiras e jogos foram
trabalhados, em todas as intervenções, como trenzinho das frutas, máscaras das
frutas, contação e dramatização de histórias, pinturas, artes com os pés e
mãos, aula prática de como lavar corretamente as mãos, dobraduras e muitas
outras atividades que contribuíram para a aprendizagem sobre o corpo e
alimentação saudável.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A partir das
intervenções percebemos a interação das crianças de forma participativa, nos
momentos dos jogos, nas brincadeiras, nas contações de histórias e durante a prática
dos hábitos pessoais necessários ao corpo. Assim, despertamos nas crianças o conhecimento, a satisfação e o bem
estar que os hábitos de higiene proporcionam, tornando-se algo indispensável
para o desenvolvimento intelectual de cada uma delas e a oportunidade de
estimular cuidados básicos para uma boa saúde.
Salientamos
que a metodologia utilizada, através do uso das brincadeiras e dos jogos, favoreceu
as especificidades e limites de cada criança, mostrando a importância dos
cuidados que devemos ter com o nosso corpo. Nesse sentido, o aprendizado da
higiene pessoal na educação infantil, precisa ser estimulado de maneira
dinamizada e diversificada para um aprendizado eficaz e compreensivo pelas
crianças.
Percebemos o quanto as
crianças se mostraram interessadas e dominavam os conteúdos a cada intervenção
realizada, interagindo e participando durante todo o processo.
Portanto, identificamos o quanto é
importante que as crianças na educação infantil tenham uma noção do seu próprio
corpo, conhecimentos sobre higiene pessoal e alimentação saudável, pois a falta
dessas informações podem ocasionar problemas que vão intervir no seu
desenvolvimento. Acerca disso, o RCNEI (1998) ressalta:
Na educação infantil, é possível
realizar um trabalho por meio do qual as crianças possam conhecer o seu corpo,
e o que acontece com ele em determinadas situações, como quando correm
bastante, quando ficam muitas horas sem comer [...] Ao conhecer o funcionamento
do corpo, as crianças poderão aprender também a cuidar de si de forma a evitar
acidentes e manter a saúde. (RCNEI, 1998, p. 190).
Todas as intervenções
foram fundamentais para que despertassem na criança hábitos saudáveis e novos
conhecimentos. Sendo a escola o lugar propício para esse aprendizado, Franques
sinaliza:
a escola deve ser trabalhada no sentido educacional
e vivencial, pois depois da família é a grande “formadora” na vida da criança e
onde geralmente ela passa a maior parte de seu dia. A ela é dada a oportunidade
de colocar a criança frente a uma reeducação alimentar, atividades físicas e
mudanças comportamentais, em ambiente otimista, acolhedor e com possibilidade
de cumplicidade entre todos os envolvidos. (FRANQUES, 2007, P. 01).
Orientar uma criança a transformar seus
hábitos não é tarefa fácil, mas através de intervenções significativas, há uma
maior probabilidade de construção dos conhecimentos pelas crianças, devendo ser
discutidas em todas as etapas da sua vida escolar.
CONCLUSÕES OU CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao ensinar
ciências na Educação Infantil se faz necessário escutar as diversas
curiosidades das crianças, já que as mesmas estão a todo o momento fazendo
perguntas sobre tudo que as cercam. Necessário se faz também que ocorram
investigações e experiências enriquecedoras, trabalhando essa área do
conhecimento de maneira diversificada e dinâmica, considerando sua importância
na formação das crianças.
REFERÊNCIAS
ARCE, Alessandra; SILVA, Debora A. S. M. da;
VAROTTO, Michele. Ensinando ciências na
educação infantil. Campinas: Alínea, 2011. 133 p.
BRASIL.
Ministério da Educação e do Desporto. Referencial curricular nacional
para a educação infantil. Secretaria de Educação Fundamental. Brasília:
1998. V.1 e 3.
BRITO,
Keila Rosa dos Santos. Um estudo
reflexivo sobre o Currículo na Educação Infantil. Rev. Educação Por
Escrito, Porto Alegre, v.5, n.1, p. 68-79, 2014.
FRANQUES, A.R.M. Saber 2007. Disponível em
http:// www.aprendaki.com.br –
Acesso em
24/O1/2016.
[1] Universidade Estadual do
Sudoeste da Bahia-UESB. Bolsista de Iniciação a Docência do Subprojeto
Pedagogia, deny_lety@hotmail.com
[2] Universidade Estadual do
Sudoeste da Bahia-UESB.Bolsista de Iniciação a Docência do Subprojeto Pedagogia
[3] Universidade Estadual do
Sudoeste da Bahia-UESB. Coordenadora da Linha de ação de Educação Infantil. naiargolo@hotmail.com
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