CORRESPONDÊNCIAS ENTRELAÇADAS: PERCURSOS DE PESQUISA COM FOTOGRAFIA
Ana
Elisabete Lopes
Denise
Sampaio Gusmão
Cristina
Laclette Porte
Em mais uma reunião de
formação do PIBID Educação Infantil, tivemos a oportunidade de refletirmos e
discutirmos um rico texto, que nos trouxe um novo olhar para a utilização das
fotografias como instrumento de pesquisa e análise no contexto educacional. Com
a presença de todos os bolsistas, supervisoras e coordenadora, exploramos a
pesquisa acima citada e tiramos grandes proveitos para as nossas ações de pesquisas
vivenciadas nas escolas atendidas pelo programa.
De início, as autoras
esclarecem o percurso da pesquisa, a sua relevância e os objetivos a serem
conquistados com essa discussão. Tendo como meta demonstrar a importância das
fotografias para a pesquisa, as autoras trazem para conflito a banalização
desta ferramenta nos dias atuais e demonstram de forma clara e concreta a importância
de se utilizar algo tão simples e eficaz como recurso para as pesquisas acadêmicas.
O texto é dividido em
três grandes partes: Fotografia e Educação; Fotografia e Memória; Fotografia,
Infância e Cultura Lúdica. Na sequência deste relato, mostraremos de forma
sucinta a essência de cada tópico e buscaremos refletir os aspectos mais relevantes
da pesquisa.
Fotografia
e educação
As autoras demonstram
neste ponto como a fotografia pode ser uma forte aliada no fazer pedagógico e
na metodologia de pesquisa, pois ela tem a capacidade de registrar as mais
variadas situações que muitas das vezes passam despercebidas aos nossos olhos.
A fotografia abre novos olhares para todos os envolvidos, os quais são compartilhados,
construindo novas perspectivas e análises sobre o processo de ensino e
aprendizagem.
A linguagem fotográfica estabelece
uma ligação dialógica entre a palavra e a imagem, uma necessidade que o ser
humano está sempre buscando satisfazer. Lopes vem nos dizer como a fotografia
dialoga com a realidade e contribui para a construção do olhar crítico do
indivíduo.
Como meio, a
fotografia dialoga com a realidade que pretende representar, com o contexto
sociocultural e com os sujeitos envolvidos no ato fotográfico. Ao mesmo tempo,
a mediação propiciada por esse meio favorece a revelação de subjetividades, a
explicitação das diferentes formas de ver o mundo e a percepção das influencias
históricas e culturais implícitas na construção do olhar. (PORTO, GUSMÃO apud
LOPES, p.115,)
No exercício desta
construção do olhar, o indivíduo entrará em um processo de metamorfose, na qual
ele terá que deixar para traz os velhos conceitos estabelecidos, para que
possam desencadear uma consciência crítica diante dos acontecimentos que ocorre
dentro da sociedade em que vive.
Através deste olhar crítico
o corpo integrante da escola, pode rever e repensar suas práticas, visualizando
o que pode ser mudado para melhorar o processo de ensino- aprendizagem.
Fotografia,
memória e narrativa
Neste outro ponto as
autoras trazem um pequeno relato da desmemoria do povoado do Córrego no
interior de Minas Gerais, o qual foi perdendo as tradições com a chegada da luz
elétrica que com ela trouxe a televisão, fazendo com que as pessoas perdessem o
hábito de dialogar entre si, trocando experiências e costumes.
Através da fotografia as
autoras foram ao povoado a pedindo de uma das moradoras que se chamava Maria de
Lourdes Souza, para resgatar a memória dos antepassado que ali viveram.
Organizaram então, uma feira, onde todos os moradores foram convidados a
participarem ativamente para trocarem experiências vividas e registrarem por
meio da fotografia todos os momentos.
No segundo momento que
foi a exposição das fotografias, percebeu-se então, que houve um diálogo maior
entre idosos e jovens, demonstrando assim os impactos da experiência realizada
por todos.
A imagem fotográfica foi
de suma importância nesta pequena cidade, pois a partir dela os moradores deram
novos resssignificados as seus costumes, crenças e tradições. Por meio dela
foram se escavando narrativas de histórias locais que já estavam esquecidas na
memória, se tornando essencial no processo rememoração daquelas pessoas.
Fotografia,
infância e cultura lúdica
Neste último tópico, a
autora trouxe como relato para sua pesquisa, a importância das fotografias de
uma brinquedoteca desativada. Pois, a mesma atuou como coordenadora deste lugar
e tinha como prática, registrar momentos de brincadeiras e interações das
crianças que ali estavam presentes.
Em sequência a
pesquisadora buscou fazer um contraponto entre as fotos registradas na
brinquedoteca e suas fotos de família, em que apareciam seus avós quando
criança com uma outra postura infantil, demonstrando como eram percebidas as
crianças daquela época, início do século XX e as crianças do século XXI. Nas fotos
da brinquedoteca, apareciam crianças descontraídas, se relacionando umas com as
outras ou sozinhas, dando a transparecer as culturas infantis, a atuação da
criança na sociedade e o seu papel quanto formadora e construtora social. Já em
suas fotos de família, apareciam crianças engessadas, com poses e postura de
adultos, trazendo um outro sentido para o sentimento de infância daquela época.
Um outro aspecto que é
trazido neste tópico, é a questão da rememoração, prática esta, que ajudou a
pesquisadora a relembrar diversos fatores fixados nas fotos, como o
desenvolvimento da cultura presente naqueles momentos e até mesmo o próprio ato
de brincar vivenciado por ela mesma em sua infância.
De modo geral a autora
deixa claro que as fotografias nos possibilitam reconstruir alguns dos momentos
perdidos de nossa mente, nos remetendo a várias instancias que com o passar dos
anos foram esquecidas e adormecidas em nosso consciente.
Considerações
finais
Com tudo o que foi
apresentado, tivemos a certeza de que as propostas manifestadas pelas autoras,
trouxeram grandes reflexões para a nossas futuras atuações quanto pesquisadores
no programa. Tomar a fotografia como instrumento de pesquisa, nos abre diversas
possibilidades de direcionarmos nossas observações para os diversos momentos
significativos que foram registrados por câmeras e olhares.
Por tanto, esperamos que
este relato possa ampliar a discussão desta temática para os demais leitores,
possibilitando uma maior conscientização acerca da proposta discutida e um novo
olhar para a utilização deste instrumento nas diversas pesquisas a serem
realizadas.
Por Rainan Sena e Glaziane Santos –
Bolsitas do PIBID Educação Infantil.