terça-feira, 19 de dezembro de 2017

O LÚDICO NA LITERATURA INFANTIL


 Valdicélia Santos Chaves [1]
Jorsinai de argolo Souza[2]

INTRODUÇÃO

A literatura é a arte da palavra escrita ou falada. É através dela que podemos criar recriar e transcrever a realidade. Ela tem a missão de surpreender, desconcertar as perspectivas do leitor, além de ter o poder de mudar sua visão em relação aquele texto.
Segundo o Referencial Curricular Nacional da Educação Infantil, a Literatura desperta o prazer e alimenta a imaginação. Sendo assim, o documento indica o papel do professor nesse processo:
Ter acesso à boa literatura é dispor de uma informação cultural que alimenta a imaginação e desperta o prazer pela leitura. A intenção de fazer com que as crianças, desde cedo, apreciem o momento de sentar para ouvir histórias exige que o professor, como leitor, preocupe em lê-la com interesse, criando um ambiente agradável e convidativo à escuta atenta, mobilizando a expectativa das crianças, permitindo que elas olhem o texto e as ilustrações enquanto a história é lida Conforme aponta o RCNEI (1998, p. 144).


Estudos comprovam que a literatura infantil é muito importante para o desenvolvimento social, emocional e cognitivo das crianças. Como afirma Abramovich:
                                      É ouvindo histórias que se pode sentir (também) emoções importantes, como a tristeza, a raiva, a irritação, o bem-estar, o medo, a alegria, o pavor, a insegurança, a tranquilidade, e tantas outras mais, e viver profundamente o que as narrativas provocam em quem as ouve – com toda amplitude, significância e verdade que cada uma delas fez (ou não) brotar... Pois é ouvir, sentir, enxergar com os olhos do imaginário. (2005, p. 17).


Desse modo percebe-se que é através da história que estimulamos a fantasia, principalmente associando-a com a ludicidade. O lúdico exerce um papel fundamental no processo educativo, principalmente na educação infantil, pois através das brincadeiras, jogos e historias, trabalha-se habilidade motora e cognitiva, estimula a memoria, aumenta a concentração, agilidade e a criatividade. Segundo Feijó (1992), lúdico é uma necessidade básica da personalidade, do corpo e da mente e faz parte das atividades essenciais da dinâmica humana.                                                                                                                                           Nesse sentido, o objetivo deste trabalho é relatar as experiências que tivemos com as intervenções, onde elaboramos um projeto de literatura infantil, que trabalhamos de forma lúdica, dinâmica e divertida, dando asas á imaginação das crianças através das historias infantis, com a finalidade de despertar o interesse pela Literatura.


METODOLOGIA

            Este trabalho foi realizado a partir das experiências vividas como bolsistas do programa PIBID (Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência), na linha de ação da Educação infantil e em parceria com a escola Luíza Ferraz, em uma sala de pré II no turno vespertino.                                                               Antes de começar as nossas intervenções, ficamos um período observando para detectar quais eram as necessidades da turma. Observamos essa turma durante quatro dias e percebemos que as crianças não participavam muito das aulas. A professora vivia chamando atenção e, ás vezes, não tinha muita paciência.
            A turma era composta de vinte e cinco crianças e o espaço físico da sala apresentava boa estrutura, o ambiente era lúdico, possui cantinho de leitura, mas infelizmente a professora não utilizava bem os recursos.
            Visto que a professora regente não tinha o habito de promover a leitura, nem a contação de historia na sala, decidimos trabalhar com o lúdico na literatura infantil, atendendo assim uma necessidade da turma.
            Sendo assim, elaboramos o projeto de literatura infantil: Aprender brincando, dando asas à imaginação! Esse projeto foi trabalhado durante oito intervenções, onde foram contadas várias historinhas infantis, de forma lúdica e prazerosa e as crianças viajavam no mundo da imaginação.



RESULTADOS E DISCUSSÃO

             Trabalhamos várias historias infantis, dentre elas, a historinha dos três porquinhos, que foi trabalhada em forma de sequência didática, durante três intervenções. Contamos essa historinha na primeira intervenção através de fantoche, depois solicitamos que as crianças recontassem a historia, de acordo com as imagens do livro, Em seguida, pedimos para que cada um desenhasse livremente o que eles mais gostaram da historia e depois eles pintaram umas máscaras dos personagens da historia, pois eles iriam usar no ultimo dia dessas sequencia didática, onde iremos dramatizar essa historia.
            Na segunda intervenção, exibimos um vídeo relacionado com a historinha dos três porquinhos e comentamos sobre a historinha ressaltando sobre os tipos de moradias que os três porquinhos construíram. Logo depois, fizemos a brincadeira do coelhinho sai da toca e encerramos essa intervenção elaborando junto com eles três painéis com os tipos de casas referentes a historia, pois íamos utilizar na próxima intervenção.
            Na terceira e última intervenção relacionada a essa história dos três porquinhos, brincamos com o jogo da memória com as imagens relacionadas a história. Em seguida, fizemos a dramatização e todos participaram com muito entusiasmo e se divertiram muito atuando. Nesse sentido trazemos Meireles (1984, p.48), enfatiza que:
                                      A boa memória, o talento interpretativo, o inventivo – a imaginação, a mimica, a voz, toda arte de representar – a capacidade de utilizar oportunamente o repertório fazem dos contadores de história, ainda hoje, personagens indispensáveis a determinado ambiente.

            Contamos também outras historias como: O grande rabanete, Pinóquio, O gato de botas e historias só com imagens, onde as crianças podiam criar sua própria historia a partir das imagens. Trabalhando sempre de forma diversificada, através de jogos e brincadeiras, utilizando vários recursos, procurando de varias maneiras estimular o imaginário e o prazer que a leitura proporciona.       
            A literatura ou mais especificamente a contação de história tem uma influencia muito grande no desenvolvimento psicossocial e cognitivo da criança. E por isso é interessante que o educador saiba que há uma diferença entre ler e contar historia e ambos somos importantes para ser trabalhadas na educação infantil.  Ler é você abrir um livro e começar a narrar a historia, mostrar as ilustrações referentes àquela história. Contação de história não, ela requer toda uma preparação, é preciso você envolver os ouvintes com a história, faze-los viajar nas palavras ouvidas, é você fazer caras e bocas, imitar as falas dos personagens, enfim é você virar um artista na hora da contação da história.
            No que se refere à leitura de histórias o RCNEI (Brasil, 1998, p. 143), aponta que:
A leitura de histórias é um momento em que a criança pode conhecer a forma de viver, pensar, agir e o universo de valores, costumes e comportamentos de outras culturas situadas em outros tempos e lugares que não o seu. A partir daí ela pode estabelecer relações com sua forma de pensar e o modo de ser do grupo social ao qual pertence.

            A partir das historias as crianças tiveram a oportunidade de conhecer outras culturas, outros lugares, procurando sempre relacionar com sua realidade. Diferentes autores como Abramovich (1997), Meireles (1984) e Coelho (2002), apontam que para que o educador passe toda emoção da história e para que o ouvinte possa sentir toda essa emoção é fundamental que o narrador leia o texto antes, sem correr o risco de ter que improvisar e acabar com o momento mágico da contação da história.                                                                Os resultados vieram a partir das realizações das atividades proposta, onde as crianças tiveram uma excelente aceitação ao tema, pois houve muita participação, empenho, motivação e interação de todos os alunos em relação a todo o trabalho realizado durante essas intervenções. Percebemos que antes de iniciar com esse projeto de literatura as crianças eram tímidas, não participavam muito das aulas, viviam retraídas, mas depois das realizações das atividades e da contação das historias, elas melhoraram bastante, pois houve muita interação e participação de todas. Foi muito importante e gratificante trabalhar essa temática com essas crianças, visto que sortiu um grande impacto para a formação emocional e cognitiva das mesmas.                                                                                                                                     Sabemos o quanto a contação de história é importante na educação infantil, pois fortalecem os vínculos sociais e educacionais, por isso é essencial que os professores utilizem essa ferramenta para o desenvolvimento da criança, despertando assim pequenos leitores e estimulando para o mundo da imaginação. Segundo Abramovich (2005):
[...] é importante para formação de qualquer criança ouvir, muitas historias... Escutá-las é o inicio da aprendizagem para ser um bom leitor, e ser leitor é ter um caminho absolutamente infinito de descoberta e de compreensão do mundo... (p.16)

             Desse modo conclui-se que a literatura tem que ser trabalhada na educação infantil de forma prazerosa, visto que as crianças aprendem se divertindo, através de jogos, brincadeiras, músicas. Enfim, esse projeto foi bem estruturado e executado da melhor maneira possível, proporcionando momentos de descoberta, participação e colaboração de cada criança tornando-os sujeitos autônomos e cooperativos durante todo o processo.


CONCLUSÕES OU CONSIDERAÇÕES FINAIS

No decorrer deste projeto constatamos o quanto a literatura é fundamental na educação infantil, pois estimula o conhecimento, a criatividade e a imaginação, além de desenvolver o que é o mais importante para a formação educacional de uma criança, que é o gosto e o prazer pela leitura. Por isso, ela tem que ser uma prática rotineira na sala de aula, e o professor precisa trabalhá-la de forma envolvente e construtiva, procurando sempre diversificar as atividades, buscando recursos que façam as crianças se apaixonar por esse mundo mágico que é a leitura.


REFERÊNCIAS

ABRAMOVICH, Fanny. Literatura Infantil: gostosuras e bobices. 5 Edição. São Paulo: Scipione, 2005.
BRASIL, Ministério da Educação e do Desporto. Secretária da Educação Fundamental. Referencial Curricular Nacional para a educação infantil/ Secretaria de Educação Fundamental - Brasília: MEC/SEF, 1998.
FEIJÓ, Olavo. Corpo e movimento: uma psicologia para o esporte. Rio de Janeiro: Shape, 1992.
MEIRELES, Cecília. Problemas de Literatura Infantil. 4.ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1990.




[1]Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia- UESB. Bolsista de Iniciação a Docência do Subprojeto Pedagogia valdicelia300481@gmail.com
[2] Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia- UESB. Coordenadora da Linha de ação de Educação Infantil valdicelia300481@gmail.com





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